Canabidiol mostra efeitos antidepressivos superiores ao escitalopram, diz estudo

Canabidiol mostra efeitos antidepressivos superiores ao escitalopram

O transtorno depressivo maior (TDM) é uma das condições psiquiátricas mais prevalentes e incapacitantes no mundo. Ele está associado a alterações estruturais e funcionais no hipocampo, região cerebral envolvida na regulação do humor, memória e resposta ao estresse. Um dos principais mecanismos observados nesses pacientes é a redução da neuroplasticidade sináptica, ou seja, a capacidade dos neurônios de formar novas conexões.

Qual tratamento para Transtorno depressivo maior

Atualmente, o tratamento de primeira linha envolve os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como o escitalopram. Embora eficazes para muitos pacientes, esses medicamentos apresentam latência terapêutica prolongada (demoram semanas para agir) e efeitos adversos importantes, o que limita seus resultados clínicos. Diante disso, o Canabidiol (CBD) tem atraído grande atenção científica como uma abordagem terapêutica inovadora para os transtornos de humor.

O Canabidiol como modulador da neuroplasticidade

O CBD é um fitocanabinoide não psicotrópico derivado da Cannabis sativa, com efeitos ansiolíticos, anti-inflamatórios e neuroprotetores já bem documentados. Pesquisas anteriores mostraram que o composto pode atuar sobre o sistema endocanabinoide e sobre receptores serotoninérgicos (como 5-HT1A), modulando a resiliência ao estresse e a plasticidade neural — fatores diretamente relacionados à depressão.

Um estudo publicado em 2025 na revista Veterinary World avaliou, em modelo animal de estresse crônico por contenção, os efeitos comportamentais e neurobiológicos do Canabidiolem comparação ao escitalopram. O objetivo era determinar se o CBD poderia oferecer uma resposta antidepressiva mais rápida e eficaz que o tratamento convencional.

Comparação entre Canabidiol e Escitalopram

Nos testes comportamentais, o CBD apresentou redução significativa do comportamento de imobilidade no teste de natação forçada, um marcador clássico de desespero comportamental. Esse efeito foi semelhante ao observado com o escitalopram, indicando potencial antidepressivo comparável.

No teste de preferência por sacarose, utilizado para medir a anedonia (perda de prazer em atividades agradáveis), o CBD reverteu o sintoma apenas nas doses mais elevadas, resultado também observado no grupo tratado com escitalopram.

Esses achados sugerem que o Canabidiol exerce potencial efeito antidepressivo dose-dependente, capaz de modular o comportamento associado ao estresse crônico.

Efeitos celulares e sinápticos do Canabidiol

Além dos resultados comportamentais, o estudo investigou o impacto do tratamento no hipocampo, uma região cerebral chave para a regulação emocional.

Os animais tratados com CBD apresentaram aumento na densidade de espinhas dendríticas — estruturas responsáveis pela comunicação entre os neurônios —, indicando melhora da conectividade sináptica. Curiosamente, esse efeito foi mais pronunciado nas doses menores, sugerindo que o CBD atua de forma moduladora e não linear sobre a plasticidade neural.

Outro achado relevante foi o aumento da potenciação de longo prazo (LTP), processo que reflete o fortalecimento das sinapses e está diretamente ligado à aprendizagem e memória. Esse ganho de força sináptica foi observado somente com o CBD, não ocorrendo com o escitalopram, o que reforça que o fitocanabinoide atua por mecanismos distintos dos ISRS.

Implicações terapêuticas

Os resultados reforçam que o Canabidiol possui potencial ação antidepressiva robusta e de início rápido, associada à modulação da plasticidade sináptica hipocampal e à melhora da função neuronal.

Diferentemente dos antidepressivos tradicionais, que dependem da modulação de serotonina, o CBD parece estimular diretamente a regeneração e o fortalecimento das conexões neurais, sendo uma abordagem terapêutica para o tratamento de transtornos depressivos resistentes.

Essas evidências consolidam o Canabidiol como um candidato promissor no manejo de transtornos de humor relacionados ao estresse e à disfunção neuroplástica, com potencial para complementar ou substituir terapias convencionais no futuro próximo.

Referência científica

Ruanpang J, et al. Cannabidiol reverses depression-like behaviors by enhancing hippocampal synaptic plasticity in rats with chronic restraint stress. Veterinary World. 2025.

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© Copyright, todos os direitos reservados a Ana Gabriela Baptista — Imagem e conteúdo de autoria intelectual, não podendo ser copiados. 2025.

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Ana Gabriela Baptista

Ana Gabriela Baptista é Diretora da Vigo Academy e CEO da TegraPharma, atuando também como Pesquisadora, Consultora Técnica e Perita Judicial. Com uma experiência clínica de mais de 17 anos, concentra seus esforços no P&D&I de produtos derivados da Cannabis e na gestão terapêutica, educação médica, inteligência de mercado e compliance.

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