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Refeições ricas em gordura aumentam a absorção do Canabidiol, segundo estudos

A absorção oral do Canabidiol (CBD) é reconhecidamente limitada devido à sua elevada lipofilicidade e ao metabolismo de primeira passagem.

Mesmo em doses adequadas, apenas uma fração do CBD ingerido chega efetivamente à circulação sistêmica, o que pode impactar sua eficácia clínica em diferentes aplicações terapêuticas.

Por essa razão, compreender fatores que otimizam sua absorção é essencial para melhorar seus potenciais efeitos terapêuticos.

Estudos anteriores já sugeriam que o consumo de alimentos ricos em gordura poderia aumentar a biodisponibilidade do CBD, mas ainda não estava claro se esse benefício dependia exclusivamente do teor de gordura ou se estava associado ao total calórico da refeição.

Dieta influencia na terapia com CBD

Para responder a essa questão, um estudo cruzado randomizado avaliou o impacto de refeições com as mesmas quantidades de calorias, uma rica em gordura e outra rica em carboidratos, sobre a farmacocinética do CBD em adultos jovens e saudáveis.

Participaram do estudo dez voluntários que, em dias distintos, consumiram duas refeições de igual valor calórico (800 kcal), mas com composições nutricionais muito diferentes:

  • Refeição rica em gordura: 70% lipídios
  • Refeição rica em carboidratos: 70% carboidratos

Após cada refeição, os participantes ingeriram 60 mg de CBD isolado. Amostras sanguíneas foram coletadas ao longo de sete horas para medir concentrações plasmáticas de CBD, metabólitos e parâmetros metabólicos.

Refeições ricas em gordura aumentam a absorção do Canabidiol

Refeições ricas em gordura e o canabidiol 2

Os resultados foram claros: quando o CBD foi administrado após a refeição rica em gordura, a AUC (área sob a curva) foi significativamente maior, indicando maior absorção total do composto ao longo do tempo.

Mesmo que a Cmax (concentração máxima) e o Tmax (tempo até atingir a concentração máxima) não tenham mostrado diferenças estatísticas relevantes entre os protocolos, o aumento da AUC reforça que refeições ricas em lipídios melhoram a biodisponibilidade do CBD de maneira mais eficiente do que refeições igualmente calóricas, porém ricas em carboidratos.

Esse aumento pode estar relacionado a diferentes mecanismos fisiológicos ativados pelo consumo de gordura, como a liberação de bile, a formação de micelas e o favorecimento da absorção linfática — vias que beneficiam compostos lipofílicos como o Canabidiol.

CBD não mostrou eventos adversos significativos

O estudo também avaliou marcadores metabólicos e sintomas gastrointestinais. Foram observadas pequenas diferenças na glicemia entre os protocolos, mas sem impacto clínico significativo.

Não houve alterações relevantes nos demais marcadores e nenhum sintoma gastrointestinal importante foi relatado.

Esses achados indicam que refeições ricas em gordura podem melhorar a absorção do CBD sem provocar efeitos colaterais relevantes no contexto estudado.

Alimentos podem influenciar na absorção do CBD

Os resultados fornecem evidências robustas de que a composição da refeição influencia diretamente a farmacocinética do CBD, independentemente da quantidade de calorias ingeridas.

Para profissionais prescritores de fitocanabinoide e pacientes que utilizam o Canabidiol em tratamentos contínuos, considerar o contexto alimentar pode ser essencial para:

  • Melhorar a eficácia terapêutica
  • Potencializar a absorção oral
  • Tornar a resposta ao tratamento mais consistente

Além disso, o estudo abre novas perspectivas para pesquisas futuras que busquem determinar o teor mínimo de gordura necessário para otimizar a absorção e avaliar o impacto de diferentes tipos de lipídios nesse processo.

Com isso, o estudo demonstra que refeições ricas em gordura aumentam significativamente a absorção do Canabidiol, reforçando a importância de considerar a alimentação como parte das orientações clínicas para o uso de CBD.

A biodisponibilidade oral é um fator crítico para alcançar resultados terapêuticos consistentes, e compreender como as refeições influenciam esse processo é fundamental para otimizar sua eficácia.

Referencia

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Canabidiol e resveratrol demonstram efeito sinérgico na redução de sintomas de estresse crônico

O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) é uma condição psiquiátrica complexa que surge após experiências traumáticas intensas.

Caracteriza-se por alterações cognitivas, emocionais e comportamentais persistentes, incluindo hiperagressividade, irritabilidade, anedonia e instabilidade de humor.

Apesar das opções terapêuticas disponíveis, muitos pacientes permanecem sintomáticos, o que tem impulsionado a busca por novas abordagens com ação neuroprotetora e moduladora do estresse.

Nesse cenário, compostos naturais como o Canabidiol (CBD) e o resveratrol (RES) vêm despertando interesse crescente na comunidade científica.

A combinação entre CBD e antioxidantes naturais

O CBD, um fitocanabinoide não psicotrópico derivado da Cannabis sativa, tem sido amplamente estudado por seus efeitos ansiolíticos, antidepressivos e antiagressivos.

Já o resveratrol e o ácido alfa-lipóico (ALA) são antioxidantes naturais com propriedades anti-inflamatórias e reguladoras do estresse oxidativo, processos diretamente ligados à fisiopatologia do TEPT.

Um estudo conduzido por pesquisadores italianos, publicado em 2025 na revista Frontiers in Pharmacology, investigou os efeitos combinados do CBD, resveratrol e ácido alfa-lipóico em modelos animais com comportamentos associados ao estresse crônico e ao TEPT.

O objetivo foi compreender se a associação dessas substâncias poderia potencializar os benefícios terapêuticos observados com o uso isolado do CBD.

CBD e Resveratrol na saúde mental

CBD e Resveratrol na saude mental

Durante o experimento, os modelos foram submetidos a tratamento crônico por 15 dias, após um período de isolamento que induziu sintomas semelhantes aos observados no TEPT humano.

Os resultados mostraram que os animais que fizeram uso de Canabidiol apresentaram redução significativa da agressividade, com diminuição do número de ataques e aumento do tempo até o primeiro comportamento agressivo.

Esses efeitos foram dose-dependentes, ou seja, mais pronunciados conforme o aumento da dose administrada.

Contudo, o ponto mais interessante do estudo foi o efeito sinérgico observado entre o CBD e os antioxidantes naturais.

Quando doses baixas de Canabidiol, que isoladamente não produziam efeito relevante, foram combinadas com resveratrol ou ácido alfa-lipóico, houve uma potencialização expressiva dos efeitos comportamentais — resultando em melhor controle da impulsividade e menor frequência de ataques agressivos.

Mecanismos envolvidos e sinergia terapêutica

Os autores sugerem que a combinação entre o CBD e os antioxidantes naturais atua sobre vias neuroinflamatórias e mecanismos de estresse oxidativo, ambos envolvidos na resposta patológica ao trauma.

Enquanto o CBD modula o sistema endocanabinoide e receptores serotoninérgicos (5-HT1A), promovendo redução da reatividade emocional, compostos como o resveratrol e o ALA ajudam a neutralizar espécies reativas de oxigênio (ROS) e a proteger os neurônios da inflamação crônica induzida pelo estresse.

Essa interação potencializa a regulação da excitabilidade neuronal, contribuindo para o equilíbrio emocional e a redução de comportamentos impulsivos e agressivos.

O efeito sinérgico observado reforça a hipótese de que a combinação de moduladores endocanabinoides e antioxidantes pode representar uma nova estratégia terapêutica para o manejo de sintomas do TEPT e de condições relacionadas ao estresse crônico.

Novas perspectivas para o tratamento do estresse crônico

Os resultados desse estudo apontam para uma abordagem combinada promissora na psiquiatria translacional.

A interação entre Canabidiol e antioxidantes naturais sugere uma via terapêutica de baixa toxicidade, efeito rápido e múltiplos mecanismos de ação, o que pode beneficiar pacientes com resposta limitada às terapias convencionais.

Os autores ressaltam, no entanto, que são necessários ensaios clínicos em humanos para confirmar a eficácia, segurança e dose ideal dessa combinação.

Ainda assim, os dados experimentais reforçam o papel do CBD como um potencial agente da modulação do estresse e do resveratrol como um aliado na proteção neuronal, uma parceria que pode abrir caminho para novos tratamentos baseados na neurobiologia da resiliência.

Referência científica

DOI: 10.3389/fphar.2025.1676421

© Copyright, todos os direitos reservados a Ana Gabriela Baptista — Imagem e conteúdo de autoria intelectual, não podendo ser copiados. 2025.

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Canabidiol mostra efeitos antidepressivos superiores ao escitalopram, diz estudo

O transtorno depressivo maior (TDM) é uma das condições psiquiátricas mais prevalentes e incapacitantes no mundo. Ele está associado a alterações estruturais e funcionais no hipocampo, região cerebral envolvida na regulação do humor, memória e resposta ao estresse. Um dos principais mecanismos observados nesses pacientes é a redução da neuroplasticidade sináptica, ou seja, a capacidade dos neurônios de formar novas conexões.

Qual tratamento para Transtorno depressivo maior

Atualmente, o tratamento de primeira linha envolve os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), como o escitalopram. Embora eficazes para muitos pacientes, esses medicamentos apresentam latência terapêutica prolongada (demoram semanas para agir) e efeitos adversos importantes, o que limita seus resultados clínicos. Diante disso, o Canabidiol (CBD) tem atraído grande atenção científica como uma abordagem terapêutica inovadora para os transtornos de humor.

O Canabidiol como modulador da neuroplasticidade

O CBD é um fitocanabinoide não psicotrópico derivado da Cannabis sativa, com efeitos ansiolíticos, anti-inflamatórios e neuroprotetores já bem documentados. Pesquisas anteriores mostraram que o composto pode atuar sobre o sistema endocanabinoide e sobre receptores serotoninérgicos (como 5-HT1A), modulando a resiliência ao estresse e a plasticidade neural — fatores diretamente relacionados à depressão.

Um estudo publicado em 2025 na revista Veterinary World avaliou, em modelo animal de estresse crônico por contenção, os efeitos comportamentais e neurobiológicos do Canabidiolem comparação ao escitalopram. O objetivo era determinar se o CBD poderia oferecer uma resposta antidepressiva mais rápida e eficaz que o tratamento convencional.

Comparação entre Canabidiol e Escitalopram

Nos testes comportamentais, o CBD apresentou redução significativa do comportamento de imobilidade no teste de natação forçada, um marcador clássico de desespero comportamental. Esse efeito foi semelhante ao observado com o escitalopram, indicando potencial antidepressivo comparável.

No teste de preferência por sacarose, utilizado para medir a anedonia (perda de prazer em atividades agradáveis), o CBD reverteu o sintoma apenas nas doses mais elevadas, resultado também observado no grupo tratado com escitalopram.

Esses achados sugerem que o Canabidiol exerce potencial efeito antidepressivo dose-dependente, capaz de modular o comportamento associado ao estresse crônico.

Efeitos celulares e sinápticos do Canabidiol

Além dos resultados comportamentais, o estudo investigou o impacto do tratamento no hipocampo, uma região cerebral chave para a regulação emocional.

Os animais tratados com CBD apresentaram aumento na densidade de espinhas dendríticas — estruturas responsáveis pela comunicação entre os neurônios —, indicando melhora da conectividade sináptica. Curiosamente, esse efeito foi mais pronunciado nas doses menores, sugerindo que o CBD atua de forma moduladora e não linear sobre a plasticidade neural.

Outro achado relevante foi o aumento da potenciação de longo prazo (LTP), processo que reflete o fortalecimento das sinapses e está diretamente ligado à aprendizagem e memória. Esse ganho de força sináptica foi observado somente com o CBD, não ocorrendo com o escitalopram, o que reforça que o fitocanabinoide atua por mecanismos distintos dos ISRS.

Implicações terapêuticas

Os resultados reforçam que o Canabidiol possui potencial ação antidepressiva robusta e de início rápido, associada à modulação da plasticidade sináptica hipocampal e à melhora da função neuronal.

Diferentemente dos antidepressivos tradicionais, que dependem da modulação de serotonina, o CBD parece estimular diretamente a regeneração e o fortalecimento das conexões neurais, sendo uma abordagem terapêutica para o tratamento de transtornos depressivos resistentes.

Essas evidências consolidam o Canabidiol como um candidato promissor no manejo de transtornos de humor relacionados ao estresse e à disfunção neuroplástica, com potencial para complementar ou substituir terapias convencionais no futuro próximo.

Referência científica

Ruanpang J, et al. Cannabidiol reverses depression-like behaviors by enhancing hippocampal synaptic plasticity in rats with chronic restraint stress. Veterinary World. 2025.

Link Referência

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Potencial das raízes da Cannabis medicinal na produção de compostos anti-inflamatórios

A Cannabis sativa L. é amplamente reconhecida por seu vasto conjunto de metabólitos bioativos com propriedades terapêuticas.

Tradicionalmente, as pesquisas sobre a planta concentram-se nas flores e folhas, de onde se extraem os fitocanabinoides mais conhecidos, como o Tetrahidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD).

Entretanto, estudos recentes vêm revelando que as raízes da Cannabis, especialmente as chamadas raízes adventícias, também representam uma fonte promissora e sustentável de compostos biologicamente ativos.

O que são raízes adventícias?

As Raízes adventícias são raízes que se originam a partir de qualquer tecido da planta que não seja a raiz embrionária (radícula), como caules, folhas ou outros tecidos, elas possuem grande potencial biotecnológico, pois permitem a produção escalável e padronizada de substâncias de interesse farmacológico, sem depender da colheita da planta inteira.

Essa abordagem torna o processo mais eficiente e ambientalmente sustentável.

Em um estudo recente, pesquisadores avaliaram extratos obtidos das raízes adventícias da Cannabis utilizando diferentes solventes, com destaque para o extrato metanólico (MeOH-E), a fim de investigar sua ação sobre células dendríticas, que desempenham papel central na regulação do sistema imunológico.

O que o estudo mostrou sobre os potenciais efeitos da raiz da Cannabisque são raízes adventícias?

Os resultados demonstraram que o extrato metanólico (MeOH-E) apresentou forte atividade anti-inflamatória, sem causar efeitos tóxicos nas células analisadas.

A análise metabolômica revelou compostos de grande interesse terapêutico, incluindo:

  • Glicosídeos canabinoides
  • Ácido canabigerólico-O-acetato (CBGA-O-acetato)
  • Derivados de diacetato e monoacetato de Canabidiol (CBD)

Essas substâncias estão associadas a potenciais efeitos antioxidantes, imunorreguladores e anti-inflamatórios, fortalecendo o promissor efeito terapêutico dos compostos da planta.

Cannabis no controle de doenças inflamatórias crônicas

Funcionalmente, o extrato metanólico foi capaz de reduzir a expressão de moléculas envolvidas na apresentação de antígenos, modulando negativamente vias inflamatórias como MAPK e NF-κB — ambas relacionadas à ativação de respostas imunes exacerbadas.

Além disso, o estudo apontou que o MeOH-E inibiu a proliferação e ativação de linfócitos T, indicando uma potente ação imunomoduladora e o potencial uso dos compostos derivados das raízes da Cannabis no controle de doenças inflamatórias crônicas.

Como os compostos da Cannabis podem ajudar em condições autoimunes

Esses achados reforçam o papel da Cannabis sativa como uma fonte multifuncional de princípios ativos e posicionam o sistema de raízes adventícias como uma plataforma biotecnológica reprodutível, sustentável e altamente promissora.

Com o avanço dessas pesquisas, torna-se possível desenvolver novos fármacos e nutracêuticos voltados ao tratamento de condições inflamatórias e autoimunes, expandindo o campo terapêutico da Cannabis medicinal para além de suas partes mais conhecidas.

Referência: Nature – Scientific Reports (2025)

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Canabizetol (CBGD): o novo canabinoide promissor descoberto na Cannabis sativa

A pesquisa científica sobre a Cannabis medicinal segue revelando compostos inéditos com grande potencial terapêutico. Recentemente, pesquisadores identificaram um novo canabinoide natural: o Canabizetol (CBGD), um achado que amplia ainda mais o conhecimento sobre a complexa composição química da planta.

O que é o Canabizetol (CBGD)?

canabizetol imagem molecuca

O Canabizetol (CBGD) é o terceiro membro conhecido da rara classe dos canabinoides diméricos com pontes de metileno, um grupo de moléculas caracterizado por estruturas químicas complexas e ainda pouco estudadas.

Esse composto foi identificado inicialmente em extratos naturais da Cannabis sativa. Para confirmar sua autenticidade, os cientistas realizaram a síntese química do CBGD em laboratório e compararam o resultado com a amostra natural, comprovando que se tratava realmente de uma nova molécula existente na planta.

Essa confirmação representa um marco importante na caracterização dos fitocanabinoides, ampliando as fronteiras do conhecimento científico sobre os compostos bioativos da Cannabis.

Potencial antioxidante e anti-inflamatório do CBGD

Além da descoberta estrutural, os pesquisadores observaram que o Canabizetol apresenta grande potencial antioxidante e anti-inflamatória na pele, superando inclusive os efeitos do Canabivinol (CBDD), outro canabinoide dimérico já conhecido.

Essas propriedades tornam o CBGD um candidato promissor para o desenvolvimento de terapias dermatológicas, especialmente no tratamento de inflamações cutâneas, envelhecimento da pele e outras condições relacionadas ao estresse oxidativo.

Produção em fluxo contínuo e avanços laboratoriais

Para facilitar o estudo e o acesso a esse novo composto, o grupo de pesquisa desenvolveu uma estratégia sintética em fluxo contínuo, um método moderno que permite:

  • Maior controle do processo químico;
  • Redução do tempo de produção;
  • Síntese mais eficiente e escalável.

Essa inovação abre caminho para testes clínicos e farmacológicos em maior escala, tornando o CBGD mais acessível para novas pesquisas.

O que essa descoberta representa para a medicina canabinoide?

A identificação do Canabizetol (CBGD) reforça a diversidade química da Cannabis sativa e seu potencial terapêutico ainda em expansão.
O composto se destaca não apenas por sua estrutura inédita, mas também por seu perfil bioativo relevante, principalmente em aplicações dermatológicas e antioxidantes.

À medida que a ciência avança, novas moléculas como o CBGD podem ampliar as possibilidades da terapia com fitocanabinoides, oferecendo alternativas seguras, satisfatórias e cientificamente embasadas.

Referência científica:
Luca Pozzi, Andrea Gotti, et al. Cannabizetol, a Novel Cannabinoid: Chemical Synthesis, Anti-inflammatory Activity and Extraction from Cannabis sativa L. Journal of Natural Products. 2025.


Link para o estudo

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Cannabis Medicinal e a Arquitetura do Sono

A qualidade do sono é fundamental para nossa saúde física, emocional e cognitiva. Mais do que apenas “dormir bem”, é importante que a arquitetura do sono — ou seja, a organização dos seus estágios — aconteça de forma equilibrada.

Quando essa arquitetura sofre alterações, como a redução do sono REM ou a fragmentação do sono não-REM, podem surgir prejuízos na memória, no metabolismo e até na regulação das emoções. É justamente nesse cenário que a Cannabis medicinal vem sendo estudada como uma abordagem terapêutica para pessoas que sofrem com insônia.

O que é a arquitetura do sono?

O sono é composto por diferentes estágios:

  • Sono não-REM, dividido em fases de leve a profundo.
  • Sono REM, caracterizado pelos sonhos vívidos e essencial para a consolidação da memória e o equilíbrio emocional.

Cada um desses estágios desempenha funções fisiológicas essenciais. Alterações nessa dinâmica podem comprometer o bem-estar e estão frequentemente presentes em quadros de insônia.

O papel dos canabinoides no sono

Dois dos compostos mais estudados da planta Cannabis são:

  • Tetraidrocanabinol (THC)
  • Canabidiol (CBD)

Pesquisas vêm demonstrando que eles podem atuar como moduladores do sono, influenciando a forma como o cérebro organiza seus estágios durante a noite.

Estudo recente: THC e CBD em pacientes com insônia

Um estudo avaliou os efeitos de uma dose oral contendo 10 mg de THC e 200 mg de CBD em pacientes com insônia. A análise foi feita por meio de eletroencefalograma (EEG) de alta densidade com 256 canais, permitindo uma investigação detalhada da macro e microarquitetura do sono.

Os resultados mostraram:
– Redução da atividade gama durante o estágio N2, sugerindo menor hiperatividade cerebral — uma característica comum em pessoas com insônia.
– Aumento das ondas alfa e beta durante o sono REM, indicando maior atividade cerebral nessa fase.
– Redução de cerca de 30 minutos no tempo total de sono REM.
– Diminuição leve do tempo total de sono (cerca de 20 minutos).
Aumento da latência para início do REM, ou seja, mais tempo para entrar nessa fase.

O estudo indica que o uso agudo de formulações com THC e CBD pode alterar a arquitetura do sono, em especial pela redução do sono REM. No entanto, não foram observados prejuízos clinicamente relevantes na cognição ou na performance diurna dos pacientes.

Ainda assim, é importante destacar que os efeitos a longo prazo dessas mudanças precisam ser mais bem compreendidos. A ciência segue investigando como a Cannabis medicinal pode ser usada de forma segura e eficaz no tratamento da insônia.

Considerações finais

A Cannabis medicinal abre novas possibilidades para pacientes que enfrentam dificuldades para dormir. Estudos como este reforçam a necessidade de mais pesquisas, mas também mostram o potencial dos canabinoides como aliados na busca por uma noite de sono mais saudável.

📖 Referência: doi.org/10.1111/jsr.70124

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Canabidiol (CBD)

A Cannabis sativa tem sido utilizada há séculos pela humanidade no tratamento de uma variedade de condições médicas. A planta possui propriedades farmacológicas, em que seus compostos canabinoides são capazes de modular receptores de potencial transitório (TPR) presentes no nosso sistema endocanabinoide. A cannabis é uma planta complexa, com poder de produzir mais de 480 entidades químicas que representam quase todas as classes biogenéticas.

O canabidiol (CBD), é um fitocanabinoide que constitui cerca de 40% da planta e não possui efeitos psicoativos, apresentando propriedades terapêuticas utilizadas em diversos tratamentos, sendo anti-inflamatório, antioxidante, anticonvulsivante, ansiolítico, além demonstrar atividades neuroprotetoras, antipsicóticas, antieméticas, analgésicas e antibióticas.

Algumas atividades biológicas dos canabinoides são reforçadas pela presença de metabolitos secundários na Cannabis, como nos casos de distúrbios do sono e ansiedade, devido a uma interação estreita entre canabinoides e terpenos, resultando em uma ação sinérgica. Os terpenos também podem interagir com receptores de neurotransmissores, contribuindo para efeitos analgésicos e psicóticos mediados pelos canabinoides.

Considerando os benefícios medicinais da planta, os extratos passaram a ser mais refinados em sua composição, resultando em medicamentos como o óleo de CBD, usado no tratamento de doenças como a esquizofrenia, ansiedade, epilepsia e distúrbios motores como a Doença de Parkinson, doença de Alzheimer, esclerose múltipla, dor neuropática, convulsão na infância e síndromes de Lennox-Gastaut e Dravet. São inúmeras as evidências científicas que comprovam os efeitos benéficos do CBD para a saúde e qualidade de vida.

Referência: Elanne Costa Glória. Biological properties and therapeutic applications of cannabidiol. Journal of Medicinal Plants Research. 2020

© Copyright, todos os direitos reservados a Ana Gabriela Baptista – Imagem e conteúdo de autoria intelectual, não podendo ser copiladas. 2020.

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