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Potencial das raízes da Cannabis medicinal na produção de compostos anti-inflamatórios

A Cannabis sativa L. é amplamente reconhecida por seu vasto conjunto de metabólitos bioativos com propriedades terapêuticas.

Tradicionalmente, as pesquisas sobre a planta concentram-se nas flores e folhas, de onde se extraem os fitocanabinoides mais conhecidos, como o Tetrahidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD).

Entretanto, estudos recentes vêm revelando que as raízes da Cannabis, especialmente as chamadas raízes adventícias, também representam uma fonte promissora e sustentável de compostos biologicamente ativos.

O que são raízes adventícias?

As Raízes adventícias são raízes que se originam a partir de qualquer tecido da planta que não seja a raiz embrionária (radícula), como caules, folhas ou outros tecidos, elas possuem grande potencial biotecnológico, pois permitem a produção escalável e padronizada de substâncias de interesse farmacológico, sem depender da colheita da planta inteira.

Essa abordagem torna o processo mais eficiente e ambientalmente sustentável.

Em um estudo recente, pesquisadores avaliaram extratos obtidos das raízes adventícias da Cannabis utilizando diferentes solventes, com destaque para o extrato metanólico (MeOH-E), a fim de investigar sua ação sobre células dendríticas, que desempenham papel central na regulação do sistema imunológico.

O que o estudo mostrou sobre os potenciais efeitos da raiz da Cannabisque são raízes adventícias?

Os resultados demonstraram que o extrato metanólico (MeOH-E) apresentou forte atividade anti-inflamatória, sem causar efeitos tóxicos nas células analisadas.

A análise metabolômica revelou compostos de grande interesse terapêutico, incluindo:

  • Glicosídeos canabinoides
  • Ácido canabigerólico-O-acetato (CBGA-O-acetato)
  • Derivados de diacetato e monoacetato de Canabidiol (CBD)

Essas substâncias estão associadas a potenciais efeitos antioxidantes, imunorreguladores e anti-inflamatórios, fortalecendo o promissor efeito terapêutico dos compostos da planta.

Cannabis no controle de doenças inflamatórias crônicas

Funcionalmente, o extrato metanólico foi capaz de reduzir a expressão de moléculas envolvidas na apresentação de antígenos, modulando negativamente vias inflamatórias como MAPK e NF-κB — ambas relacionadas à ativação de respostas imunes exacerbadas.

Além disso, o estudo apontou que o MeOH-E inibiu a proliferação e ativação de linfócitos T, indicando uma potente ação imunomoduladora e o potencial uso dos compostos derivados das raízes da Cannabis no controle de doenças inflamatórias crônicas.

Como os compostos da Cannabis podem ajudar em condições autoimunes

Esses achados reforçam o papel da Cannabis sativa como uma fonte multifuncional de princípios ativos e posicionam o sistema de raízes adventícias como uma plataforma biotecnológica reprodutível, sustentável e altamente promissora.

Com o avanço dessas pesquisas, torna-se possível desenvolver novos fármacos e nutracêuticos voltados ao tratamento de condições inflamatórias e autoimunes, expandindo o campo terapêutico da Cannabis medicinal para além de suas partes mais conhecidas.

Referência: Nature – Scientific Reports (2025)

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